
A bola do Gauchão 2012 é esta da foto acima. De cor branca e com detalhes em preto e bordô, tem características de peso e tamanho idênticas à da edição 2011, é o que garante o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto.Ela já foi amarela, coberta de verde e até completamente laranja. Polêmicas em torno da bola do Gauchão passaram a ser tão tradicionais quanto a presença do interminável centroavante Sandro Sotilli no campeonato.
Desta vez, a redonda é tingida de detalhes em rosa. A cor pouco comum para o tipo de material foi o bastante para despertar um verdadeiro plebiscito num estado marcado historicamente pela dualidade. E tudo se torna pauta para uma boa discussão. Pobre bola, não escapou ilesa desse traço inconfundível da personalidade farroupilha.
Para tentar medir a temperatura desse debate pré-Gauchão (o campeonato começa nesta quarta, com Novo Hamburgo x Inter), o GLOBOESPORTE.COM consultou especialistas, fontes entendidas no assunto e foi à caça de respostas. A bola está lançada.
Um "estouro" de vendas
O presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, defende o produto. Afirma que o peso e a medida são iguais em relação ao modelo do ano passado. Apenar a cor muda. Apesar dos elogios, o dirigente admite que a polêmica era esperada já que o futebol tem o seu lado "machista".
- As críticas vão aparecer – se conforma. – Mas eu gostei das cores delas.
Segundo Noveletto, a bola será um "estouro" de vendas. Já está sendo aliás. Só no dia em que lançou a bola oficialmente, o presidente recebeu 50 mensagens perguntando como adquirir o produto - 90% das chamadas do público feminino, garante.
Basta uma passeada pelas ruas para confirmar a tese de Noveletto. Mas também não é preciso bater muita perna por aí. A jornalista Cintia Barlem, do blog Donas do Campinho, especialista em dar o toque feminino no dia a dia do esporte, também elogia a iniciativa da nova cor.
- Acho uma ótima forma de envolver todos os públicos em torno do Gauchão e acabar com qualquer tipo de preconceito - argumenta. - A cor rosa da bola serve para mandar uma mensagem para quem acha que futebol é coisa de homem. Futebol é para todos.
A reportagem tentou contato com a Penalty, fabricante do material, que respondeu com um comunicado. Pelo conteúdo do texto, a ideia não era bem essa, de agradar às mulheres. Segundo a fornecedora, o objetivo principal com a mudança de cor era puramente "deixar os jogos mais bonitos". A fusão do preto, do branco e do rosa proporciona aos jogadores e à torcida um "grande valor estético" à bola, avalia. Aliás, a Penalty classifica o tom como magenta, não rosa, e acaba admitindo que a escolha torna o produto mais "irreverente".
- Acaba atraindo a atenção por ser ousada, sem ser extravagante - se defende a nota oficial.
Magenta?
Não há comunicado, teste científico ou experimento avançado que faça a mudar a ideia do gaúcho. A bola é rosa. Se os mais machistas se opõem, se os jogadores dão risada, isso pouco incomoda Fernando. Ao contrário da maioria dos jogadores piadistas, o volante do Grêmio analisou criticamente a bola e até deu aval positivo à cor.
- Quanto à qualidade dela, a do Brasileirão era melhor, mais macia, melhor de bater. Estávamos testando essa do Gauchão e ela sobe demais, é muito leve. Quanto à cor podemos dizer que é interessante. Está na moda, né - sorri, dando uma de boleiro antenado.
Novelleto respalda o gremista. O presidente da FGF vai além, teoriza e alega que a bola rosa não se trata de um fenômeno isolado. E, sim, surge como um claro sinal dos "novos tempos" aterrissando também no antes inexpugnável mundo do futebol - aliás, segundo a Penalty, a bola deve ser usada em outros 10 campeonatos estaduais.
- Por que a bola não pode ser rosa, se há mais mulher no estádio do que homem atualmente? - questiona. - Tem que inovar. Na Europa, os clubes lançam camisetas de todas as cores possíveis, só preservam o escudo. São novos tempos.
A partir desta quarta, às 19h30min, em Novo Hamburgo, o Gauchão recomeça. Novos tempos. Nova bola. Novo campeonato. Os bons e velhos conflitos gaudérios em busca de uma resposta ideal, no entanto, continuarão intactos. Concorda ou discorda?
(Globo Esporte)
Desta vez, a redonda é tingida de detalhes em rosa. A cor pouco comum para o tipo de material foi o bastante para despertar um verdadeiro plebiscito num estado marcado historicamente pela dualidade. E tudo se torna pauta para uma boa discussão. Pobre bola, não escapou ilesa desse traço inconfundível da personalidade farroupilha.
Para tentar medir a temperatura desse debate pré-Gauchão (o campeonato começa nesta quarta, com Novo Hamburgo x Inter), o GLOBOESPORTE.COM consultou especialistas, fontes entendidas no assunto e foi à caça de respostas. A bola está lançada.
Um "estouro" de vendas
O presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, defende o produto. Afirma que o peso e a medida são iguais em relação ao modelo do ano passado. Apenar a cor muda. Apesar dos elogios, o dirigente admite que a polêmica era esperada já que o futebol tem o seu lado "machista".
- As críticas vão aparecer – se conforma. – Mas eu gostei das cores delas.
Segundo Noveletto, a bola será um "estouro" de vendas. Já está sendo aliás. Só no dia em que lançou a bola oficialmente, o presidente recebeu 50 mensagens perguntando como adquirir o produto - 90% das chamadas do público feminino, garante.
Basta uma passeada pelas ruas para confirmar a tese de Noveletto. Mas também não é preciso bater muita perna por aí. A jornalista Cintia Barlem, do blog Donas do Campinho, especialista em dar o toque feminino no dia a dia do esporte, também elogia a iniciativa da nova cor.
- Acho uma ótima forma de envolver todos os públicos em torno do Gauchão e acabar com qualquer tipo de preconceito - argumenta. - A cor rosa da bola serve para mandar uma mensagem para quem acha que futebol é coisa de homem. Futebol é para todos.
A reportagem tentou contato com a Penalty, fabricante do material, que respondeu com um comunicado. Pelo conteúdo do texto, a ideia não era bem essa, de agradar às mulheres. Segundo a fornecedora, o objetivo principal com a mudança de cor era puramente "deixar os jogos mais bonitos". A fusão do preto, do branco e do rosa proporciona aos jogadores e à torcida um "grande valor estético" à bola, avalia. Aliás, a Penalty classifica o tom como magenta, não rosa, e acaba admitindo que a escolha torna o produto mais "irreverente".
- Acaba atraindo a atenção por ser ousada, sem ser extravagante - se defende a nota oficial.
Magenta?
Não há comunicado, teste científico ou experimento avançado que faça a mudar a ideia do gaúcho. A bola é rosa. Se os mais machistas se opõem, se os jogadores dão risada, isso pouco incomoda Fernando. Ao contrário da maioria dos jogadores piadistas, o volante do Grêmio analisou criticamente a bola e até deu aval positivo à cor.
- Quanto à qualidade dela, a do Brasileirão era melhor, mais macia, melhor de bater. Estávamos testando essa do Gauchão e ela sobe demais, é muito leve. Quanto à cor podemos dizer que é interessante. Está na moda, né - sorri, dando uma de boleiro antenado.
Novelleto respalda o gremista. O presidente da FGF vai além, teoriza e alega que a bola rosa não se trata de um fenômeno isolado. E, sim, surge como um claro sinal dos "novos tempos" aterrissando também no antes inexpugnável mundo do futebol - aliás, segundo a Penalty, a bola deve ser usada em outros 10 campeonatos estaduais.
- Por que a bola não pode ser rosa, se há mais mulher no estádio do que homem atualmente? - questiona. - Tem que inovar. Na Europa, os clubes lançam camisetas de todas as cores possíveis, só preservam o escudo. São novos tempos.
A partir desta quarta, às 19h30min, em Novo Hamburgo, o Gauchão recomeça. Novos tempos. Nova bola. Novo campeonato. Os bons e velhos conflitos gaudérios em busca de uma resposta ideal, no entanto, continuarão intactos. Concorda ou discorda?
(Globo Esporte)