O
que tanto já foi problema, pode virar solução. Os lances de bola parada
tem ganhado atenção extra na Boca do Lobo. Em competições como a Série
A2, caracterizadas por um futebol brigado e chutes muitas vezes sem
direção, lances de maior precisão e refinamento podem fazer a diferença.
Pensando nisso o técnico Agenor Piccinin costuma dedicar um tempo do
treino diário com o grupo de jogadores do Pelotas às cobranças de falta.
Os batedores mais frequentes são o meia
João Emir, o lateral Itaqui e o recém chegado atacante Geovani. No
treinamento eles contam também com a ajuda dos goleiros, que tentam
defender os chutes e de quem ouvem algumas cornetas sadias quando o
disparo não vai no alvo.
Para Itaqui, as faltas são uma boa opção
para chegar ao gol. "É um fundamento que buscamos aperfeiçoar cada dia
mais. Tanto em faltas frontais, como também em faltas laterais, pois
temos grandes cabeceadores. Um exemplo disso é o gol (de Stevys) no
jogo-treino contra o Trianon", diz o lateral.
João Emir acredita que a repetição das
cobranças durante os treinos é importante. "Além de aprimorar a técnica
que aflora em alguns atletas, nós também aprendemos a usar a força
quando estamos fadigados", diz o meia. E este aprimoramento tem
funcionado. João Emir é um dos que apresenta o melhor aproveitamento em
cobranças de falta nos treinos. "Por onde passei sempre treinei
bastante. Na China nós decidimos muito os jogos com a bola parada. Todos
os clubes por onde passei eu sempre fiz gols de falta. Com certeza
porque treino muito e sei que é um ponto positivo pra mim", ressalta.
Os dois atletas se preocupam em
caprichar nos chutes por saberem que eles podem definir jogos,
principalmente em estádios onde deve haver menos toque de bola pela
qualidade do gramado, problema comum no interior do Rio Grande do Sul.
"Pros jogos fora de casa, onde pegaremos campos pequenos e ruins,
teremos que treinar bastante pra aumentar ainda mais nossa porcentagem
de acerto. A bola parada pode ser fundamental", completa Emir.
Clima bom
Depois da vitória contra o Rio Grande, o clima na Boca do Lobo ficou ainda mais agradável. Passada a ansiedade da estreia, ficou apenas a alegria pelos primeiros três pontos e a certeza de ter ainda muito a conquistar pela frente.
"O resultado nos dá confianca pra seguir
com o trabalho e ao mesmo tempo aumenta a responsabilidade. E é com
essa confiança e responsabilidade que esperamos fazer um grande jogo no
sabado", diz Itaqui sobre o confronto com o Santa Cruz, primeiro do Lobo
em casa.
E essa nova ansiedade, criada agora a
cada partida, motiva os jogadores, mas sem afastá-los da realidade.
"Sabemos quão árduo é o caminho até o título que vai nos dar o acesso.
Por isso pensamos dia a dia, jogo a jogo, pra que no fim - se Deus
quiser - possamos chegar ao objetivo, diz Itaqui. A expectativa nossa é
de evoluir a cada jogo", finaliza o lateral.
( Leandro Lopes - DP )